segunda-feira, 21 de julho de 2014

Para garantir o lucro da FIFA...Tribunais secretos, prisões, agressões, ameaças, cárcere privado: Um Brasil sem direitos


Jornal A Nova Democracia — Nas últimas semanas, enquanto a TV tentava distrair as massas com o circo da Copa, o gerenciamento Dilma aprofundava o estado de exceção que vem sendo rapidamente instalado no país desde junho do ano passado. No Rio de Janeiro, no dia 12 de julho, vários militantes tiveram suas casas invadidas pela polícia ainda de madrugada. Policiais civis, todos vestidos de preto, cumpriram inúmeros mandados de prisão, busca e apreensão nas casas dos ativistas. Computadores, celulares e demais mídia foram apreendidas pelos agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, a nova polícia política de Dilma e Pezão. Os ativistas foram qualificados no crime de formação de quadrilha armada e, no dia seguinte, foram transferidos para as masmorras do Complexo Penitenciário de Gericinó. 

Com 26 ativistas trancafiados em Bangu, o Estado reacionário pensou que calaria a voz das ruas no dia da final da Copa do Mundo. Os inimigos do povo não poderiam estar mais enganados. No dia seguinte, mais de duas mil pessoas tomaram as ruas da Tijuca, zona norte do Rio, para protestar contra a farra da FIFA e a criminalização dos movimentos sociais. Foi a maior mobilização no Rio de Janeiro desde o início do megaevento. 

A primeira manifestação começou logo cedo, às 10h da manhã. Manifestantes deixaram a Praça Afonso Pena e seguiram em direção à outra praça, a Saens Pena, ambas nos arredores do Maracanã. // Enquanto isso, Argentina e Alemanha preparavam-se para disputar a final da Copa, após a vergonhosa eliminação do Brasil, amargando um saldo negativo de dez gols em dois jogos. Mas a pior derrota para o Brasil ainda estava por vir.

Ao chegar a Saens Pena, manifestantes se juntaram a um grupo de moradores de favelas e várias organizações da juventude combatente. No local, começava a concentração do ato unificado entre as bandeiras "FIFA Go Home!", da Frente Independente e Popular, e "A festa nos estádios não vale as lágrimas nas favelas". Não demorou muito para que manifestantes deixassem a praça em direção ao Maracanã entoando palavras de ordem contra a FIFA e o Estado reacionário. Em questão de minutos, mais de dois mil policiais bloquearam todas as ruas de acesso à Saens Pena, deixando manifestantes cercados por todos os lados. Pacificamente, as pessoas tentaram convencer policiais a abrir caminho e foram respondidas com bombas de gás e efeito moral.

Nenhuma pedra foi atirada de volta. Mesmo assim, os "robocops" da polícia militar fizeram o serviço sujo de sempre e iniciaram um verdadeiro massacre no miolo do cerco policial. Lembrando cenas dos protestos do início do regime militar fascista, em 1964, cavaleiros da PM avançaram sobre a massa atacando quem estivesse pela frente. Mulheres, idosos, jornalistas, advogados, socorristas, fotógrafos, ativistas, ninguém foi poupado. O cineasta canadense Jason Ohara foi covardemente atirado ao chão e espancado por policiais. Um dos agentes ainda roubou a microcâmera de Jay que estava presa ao capacete. O fotógrafo Alexandre Firmino flagrou o momento em que um PM atacou uma manifestante com golpes de cassetete. 

A ação durou cerca de duas horas e deixou 36 pessoas feridas. Seis ativistas foram presos, um fotógrafo teve o pulso quebrado, um cinegrafista teve a perna suturada e seis profissionais voltaram para casa com o equipamento destruído ou danificado. Sem exceção, todos foram vítimas da polícia. Muito assustadas, as pessoas correram para dentro da estação de metrô da Saens Pena, onde PMs seguiram promovendo cenas de violência gratuita contra as massas. Não houve qualquer reação violenta de manifestantes, o que não conteve o sadismo da polícia política de Dilma, Pezão e Cabral. Mesmo depois que já não havia mais nada na praça Saens Pena, o cerco permaneceu e cerca de mil pessoas foram mantidas durante duas horas em cárcere privado pela PM. Questionados, os comandantes da operação disseram que seguiam ordens do Palácio Guanabara e que nem moradores e trabalhadores da região poderiam passar.

O Jornal A Nova Democracia repudia veemente a ação covarde desse Estado podre, corrupto e falido para garantir os lucros da FIFA no Brasil. Denunciaremos com afinco o avanço do regime civil/militar que se desenha no Brasil e sempre usaremos nossas páginas para mostrar que, ao contrário do que muitos dizem, o povo prepara a sua rebelião e os seus inimigos não perdem por esperar.





 Ninguém escapa da violência da polícia do Rio de Janeiro.


Jornal A Nova Democracia — Na tarde de domingo, dia 23 de junho, aconteceu em Copacabana o ato "A festa nos estádios não vale as lágrimas nas favelas", mobilizado por várias organizações que lutam pelos direitos do povo, entre elas a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência e o Movimento Favela Não se Cala. Os manifestantes — vítimas de despejos violentos, mães que tiveram seus filhos assassinados pela polícia e pessoas que sofreram toda ordem de abusos — oriundos de inúmeras favelas da cidade, se concentraram em frente à associação de moradores do Morro Chapéu Mangueira ainda pela manhã. No local, houve algumas apresentações artísticas, roda de capoeira, pinturas em referência à violência do Estado contra o povo e inúmeras outras intervenções. 

O ato desceu o morro e tomou as ruas de Copacabana para dar o recado: "Polícia assassina! Chega de chacina!". Próximo à Rua Princesa Isabel, a manifestação se juntou ao protesto "Não vai ter Copa", que saiu da estação de metrô Cardeal Arcoverde em direção à praia. Engordando mais ainda as fileiras do ato, mais a frente, manifestantes se juntaram a moradores do Morro do Cantagalo, entre eles a ativista Deise Carvalho, que teve seu filho assassinado por agentes penitenciários em um presídio para menores em 2009. A manifestação chegou ao Cantagalo onde lideranças fizeram intervenções condenando a violência policial e manifestantes entoaram palavras de ordem contra as Unidades de Polícia Pacificadora.

Depois do ato, o "Homem-Aranha", ativista conhecido por se vestir como o personagem dos quadrinhos, foi preso arbitrariamente por policiais simplesmente porque se recusou a entregar sua faixa a um dos agentes de repressão. Para algemá-lo e prendê-lo, PMs usaram de extrema violência e quase quebraram o braço do homem, que acabara de ser submetido a uma cirurgia. Nem Batman, nem Homem-Aranha. Ninguém escapa da violência da polícia do Rio de Janeiro.


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