Grande parte dos ensinos de Jesus trata do reino de Deus. O assunto marcou o ministério de Jesus do início (Mc l. 15) ao fim (At l .3). As parábolas, sua maneira popular de ensinar, focalizam tanto o assunto que, frequentemente, são chamadas de “parábolas do reino”. De fato, nos evangelhos há mais de 70 referências de Jesus ao reino.
Já vimos, logo no início deste estudo sobre missões, que a ideia tem muito a ver com a imagem de Deus no homem, isto é, sua capacidade de reinar, dominar e ordenar a criação de Deus. Isto tem a ver com missões: espalhar o domínio e a ordem de Deus por todo o mundo.
O ensino de Jesus sobre o reino também tem a ver com missões, pois foi justamente este assunto que ele abordou com os discípulos no período entre a ressurreição e a ascensão, preparando-os para o Pentecoste e a explosiva expansão missionária da Igreja. Durante quarenta dias nosso Senhor, já ressurreto, ministrou um “curso intensivo de missões” a seus discípulos. O tópico? O reino de Deus!
Por isso, o assunto é de muitíssima importância para missões. O reino de Deus possui dois aspectos temporais. Por um lado, já está presente, pois o próprio ministério de Jesus, em sua primeira vinda, o inaugurou (Lc 11.20; Mt 12.28). Por outro lado, seu cumprimento ainda não se deu, porque aguarda a volta de Jesus (Mt 13.40-41). Os dois lados são importantes. Neste capítulo, contudo, queremos destacar a volta de Jesus e o cumprimento de seu reino em relação a missões.
O ESCOPO DO REINO É UNIVERSAL
Jesus confirma a perspectiva missionária universal do Antigo Testamento. Ensina que, no último dia, muita gente virá do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomará lugar à mesa no reino de Deus (Lc 13.29). As bênçãos do reino de Deus são para todos os povos do mundo. É muito preciosa esta descrição do reino como uma festa. Mas, antes de sua realização, um convite deve ser enviado às nações, a fim de que os convidados venham à festa. Este é o trabalho de “missões”. Aqueles que estavam longe se aproximam, os estranhos tornam-se filhos, e quem antes não tinha esperança, agora festeja no reino de Deus (Ef 2.11-13)!
OS QUE FESTEJAM HERDAM O REINO
Jesus ensina que os gentios estarão não apenas entre os que festejam, mas também herdarão o reino de Deus com os judeus crentes (Mt 21.43 e At 26.16-18). Assim como Jesus enviou a Paulo como missionário para colher os gentios para o reino de Deus, hoje também nos envia a fim de colher as nações para seu domínio.
O SINAL DE SUA VOLTA: MISSÃO CUMPRIDA
Quando os discípulos perguntaram qual seria o sinal (no singular) de sua volta e da consumação deste período intermediário (Mt 24.3), Jesus fez uma lista dos sinais (no plural) do período histórico que precederia sua volta (Mt 24.4-12) e depois respondeu à pergunta deles (de novo no singular) quanto a este sinal:
“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14).
Isto deixa claro que o evangelho será pregado em todas as partes do mundo, até bem pouco antes de sua volta. Quem fará isso? Seus enviados, seus missionários (tanto “missionário”, que vem do latim, quanto “apóstolo”, que vem do grego, significam “o enviado”).
Nós somos os precursores de sua vinda. Quando você e eu tivermos respondido em obediência, levando o evangelho até os confins da terra, então este mesmo Jesus voltará.
“Missões”, portanto, entram em penúltimo lugar na história divina de salvação. Esperamos a gloriosa volta de Cristo e a consumação dos séculos – por último. Contudo, não de braços cruzados, pois o último elemento virá só depois do penúltimo — a pregação do reino por todo o mundo. Por isso, quando, em outro lugar, os discípulos perguntaram quando seria a restauração do reino, a resposta foi a mesma – missões (At 1.6-8). Não nos preocupemos com sinais (épocas, tempos ctc.) e, sim, com um sinal: a pregação do reino a todas as nações.
Assim como Deus planejou perfeitamente a primeira vinda de Jesus, ele também acompanha todos os passos que visam sua volta, que é a esperança da igreja. Tudo se dirige para este glorioso clímax da história. Os profetas predisseram-no; o próprio Senhor o confirmou; os apóstolos proclamaram-no, e todos os sinais apontam naquela direção. Resta, então, o cumprimento do sinal, tarefa que é nossa. Evangelização e “missões” são baseados na Bíblia e cheios de significado e sentido para a volta do Senhor.
Por que tanta importância para missões em relação à sua volta? Porque o alcance universal do amor de Deus será definitivamente demonstrado e a glória e o louvor a Deus serão reconhecidos por todos os povos da terra.
“Depois destas coisas vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap 7.9-10).
“… e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (Ap 5.9-10).
“O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15b).
Observamos este alcance e preocupação universais nos primeiros capítulos deste estudo sobre missões. Assim como a Bíblia começa com um escopo universal, com Deus criando os céus e a terra, preparando o palco mais amplo possível de “missões”, ela também termina com o mesmo tom, dando-nos nada menos do que a visão gloriosa do reino, lembrando-nos de que a salvação pela graça se destina a ser oferecida a todos, universalmente: “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (Ap 22.21).
Extraído do livro MISSÕES NA BÍBLIA, Ed. Vida Nova
Extraído de:http://www.cacp.org.br/a-volta-de-jesus-e-a-urgencia-missionaria/
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