Alguns comentadores da Bíblia não vêem nenhum significado profético nas feras do livro de Apocalipse. Em vez disso eles as aplicam a acontecimentos ocorridos enquanto o apóstolo João ainda vivia. Por exemplo, A Enciclopédia Católica, em inglês, tratando das feras do Apocalipse, diz: “Era costume dos escritores apocalípticos . . . moldar suas visões em forma de profecias e dar-lhes a aparência de serem a obra de uma época anterior.” Mas o apóstolo João declarou: “Por inspiração, vim a estar no dia do Senhor.” (Apocalipse 1:10) Sim, o livro de Revelação enfoca não a história passada, mas, sim, um “dia” futuro, em que o Senhor Jesus Cristo começaria a governar desde o céu. Segundo o capítulo 6 de Apocalipse, o “dia do Senhor” é assinalado por guerra mundial, ampla escassez de alimentos e doenças mortíferas. Os eventos presenciados na terra durante este século 20 são prova convincente de que vivemos “no dia do Senhor” desde 1914. — Apocalipse 6:1-8.
Naquele ano histórico, Jesus Cristo iniciou seu Reinado. (Revelação 11:15, 18) Portanto, as feras do Apocalipse devem ter destaque depois daquela data. De fato, essas feras retratam inimigos de Deus, que impedem as pessoas de encarar o Reino de Deus como o único arranjo que satisfará o desejo de paz da humanidade. Esses inimigos incluem um dragão e três feras. Examinemo-los na ordem em que aparecem.
O Grande Dragão
“Eis”, exclamou João, “um grande dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres”. O que representa este grande dragão? O próprio João explica que representa nada menos do que o próprio Satanás, o Diabo. De acordo com a visão de João, este dragão se opôs ferozmente ao nascimento do Reino celestial de Deus em 1914. Com que resultado? “Assim foi lançado para baixo o grande dragão, a serpente original, o chamado Diabo e Satanás, que está desencaminhando toda a terra habitada; ele foi lançado para baixo, à terra, e os seus anjos foram lançados para baixo junto com ele.” — Apocalipse 12:3, 7-9.
João mostra que isso teria um efeito terrível sobre a humanidade. “Ai da terra e do mar, porque desceu a vós o Diabo, tendo grande ira, sabendo que ele tem um curto período de tempo.” (Apocalipse12:12) Satanás, embora restrito à vizinhança da terra, ainda está determinado a interferir no Reino estabelecido de Deus. Faz isso por desencaminhar a humanidade, usando três feras. Considere como João descreve a primeira delas.
A Fera do Mar
“Eu vi ascender do mar uma fera, com dez chifres e sete cabeças. . . Ora, a fera que vi era semelhante a um leopardo, mas os seus pés eram como os dum urso, e a sua boca era como a boca dum leão. E o dragão deu à fera seu poder e seu trono, e grande autoridade. — Apocalipse 13:1, 2.
O que representa este animal monstruoso? João, sob inspiração, fornece esta importante chave: “Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, e povo, e língua, e nação.” (Apocalipse 13:7) Quem é que exerce autoridade sobre toda pessoa vivente na terra? Apenas uma coisa: o sistema mundial de governo político. Recebe este sistema realmente autoridade do “dragão”, Satanás? A Bíblia responde que sim. Por exemplo, o apóstolo João disse: “O mundo inteiro jaz no poder do iníquo.” Não é de admirar que Satanás, ao tentar Jesus no ermo, lhe oferecesse autoridade sobre “todos os reinos da terra habitada” e afirmasse: “Esta autoridade . . . me foi entregue.” — 1 João 5:19; Lucas 4:5, 6.
No entanto, o que é representado por aquelas sete cabeças? Mostrou-se a João outra fera monstruosa, que virtualmente era a imagem desta anterior. Também tinha sete cabeças. As cabeças da imagem foram explicadas como representando “sete reis”, ou potências mundiais, dos quais “cinco já caíram, um é, o outro ainda não chegou”. (Apocalipse 17:9, 10) Na história bíblica, antes dos dias de João, haviam surgido cinco potências mundiais: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia. Roma, a sexta, ainda exercia poder quando João vivia.
Mas quem era a sétima cabeça? Já que a visão tinha que ver com o “dia do Senhor”, deve referir-se à potência mundial que ocupa a posição de poder de Roma nestes últimos dias desde 1914. A história revela que esta é a potência mundial dupla composta da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos da América. Antes de 1914, a Grã-Bretanha havia desenvolvido o maior império que o mundo já viu. Durante o século 19, formara também fortes vínculos diplomáticos e comerciais com os Estados Unidos. Estes dois países lutaram lado a lado durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, e sua relação especial tem continuado até hoje. Em 1982, o Presidente Reagan, dos Estados Unidos, falou perante o parlamento britânico sobre “a notável amizade entre os nossos dois países”. Mais recentemente, em fevereiro de 1985, a primeira-ministra britânica falou perante as duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos e disse: “Que as nossas duas nações irmãs avancem juntas . . . de firme objetivo, compartilhando a fé, . . . ao nos aproximarmos do terceiro milênio da era cristã.”
Por causa da sua grande influência nos assuntos do mundo, a potência mundial dupla, anglo-americana, é representada separadamente no livro de Revelação. Como? Pela segunda das feras do Apocalipse.
A Fera da Terra
“E eu vi outra fera ascender da terra”, escreveu João, “e ela tinha dois chifres semelhantes aos dum cordeiro, mas começou a falar como dragão”. Por afirmar ser cristã e não-agressiva, a potência mundial anglo-americana assume aspecto de cordeiro. Mas na realidade tem agido como dragão. Como? Por colonizar muitas nações e gananciosamente explorar os recursos da terra. Também, “ela faz a terra e os que moram nela adorar a primeira fera, cujo golpe mortal ficou curado. E . . . diz aos que moram na terra que façam uma imagem da fera”. (Apocalipse 13:3, 11-15) Como se cumpriu isso?
O sistema político mundial de Satanás sofreu um “golpe mortal” durante a Primeira Guerra Mundial. Para impedir que isso acontecesse de novo, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos promoveram a ‘adoração’ do sistema político. Fizeram isso por induzir as nações a ‘fazer uma imagem da fera’. Como se deu isso?
Perto do fim da Primeira Guerra Mundial, o Presidente Wilson, dos Estados Unidos, iniciou uma cruzada em favor da recém-proposta Liga das Nações. Neste sentido, ele disse aos representantes na Conferência de Paz de Paris, em 1919: “Os representantes dos Estados Unidos apóiam este grande projeto duma Liga das Nações. Achamos que ela é o princípio básico de todo o programa que expressa nosso objetivo . . . nesta guerra . . . Estamos aqui para ver, em breve, que as próprias bases desta guerra sejam arrasadas.”
Depois de o Presidente Wilson ter terminado seu discurso, falou o próprio primeiro-ministro britânico, Lloyd George: “Levanto-me para apoiar esta resolução. Depois do nobre discurso do Presidente dos Estados Unidos, acho desnecessário fazer observações para recomendar esta resolução à Conferência, e eu . . . declaro quão enfaticamente o povo do Império Britânico apóia esta proposta.”
Mais tarde, naquele mesmo ano, numa reunião em Londres, em apoio da ratificação da Liga das Nações, leu-se uma carta do Rei da Grã-Bretanha: “Ganhamos a guerra. Esta foi uma grande consecução. Mas não basta. Lutamos para ganhar uma paz duradoura, e é nosso supremo dever tomar todas as medidas para assegurá-la. Por isso, nada é mais essencial do que uma forte e duradoura Liga das Nações. . . . Recomendo esta causa a todos os cidadãos do Império, para que, com a ajuda de todos os outros homens de boa vontade, se estabeleça um baluarte e uma segura defesa da paz, para a glória de Deus.”
Em 16 de janeiro de 1920 foi estabelecida a Liga das Nações com 42 nações-membros. Por volta de 1934, abrangia 58 países. A fera da terra, de dois chifres, havia conseguido que o mundo fizesse “uma imagem da fera”. Esta imagem, ou representação do sistema político mundial de Satanás, é representada pela última fera do Apocalipse.
A Fera Cor de Escarlate
Esta é a descrição que João dá a respeito desta última fera: “[Uma] fera cor de escarlate, que estava cheia de nomes blasfemos e que tinha sete cabeças e dez chifres.” A respeito desta fera, João foi informado: “A fera que viste era, mas não é, contudo, está para ascender do abismo, e há de ir para a destruição. . . . É ela mesma também um oitavo rei.” (Revelação 17:3, 8, 11) Fiel a esta descrição, a Liga das Nações procurou agir como potência mundial no cenário do mundo. Entretanto, deixou de impedir a Segunda Guerra Mundial, que começou em 1939. A fera, como que, desapareceu no abismo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a potência mundial anglo-americana esforçou-se arduamente a reviver esta organização internacional. Em 1941, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Winston Churchill, realizou conferências secretas com o Presidente Franklin Roosevelt, dos Estados Unidos, a bordo dum navio no oceano Atlântico. Eles fizeram uma declaração em conjunto sobre “suas esperanças de um futuro melhor para o mundo” e “o estabelecimento dum sistema mais amplo e permanente de segurança geral”. No ano seguinte, em Washington, D.C., EUA, 26 nações aceitaram esta proposta anglo-americana no que foi chamado de “Declaração das Nações Unidas”. Isto levou à criação da organização das Nações Unidas em 24 de outubro de 1945. A fera cor de escarlate subira do abismo com um novo nome. Atualmente, 159 nações ingressaram nesta organização, a qual, segundo esperam, perpetuará o agora existente sistema de governo político, humano.
Tudo isso, porém, deixa fora de cogitação o Reino messiânico de Deus, estabelecido no céu em 1914. Todo humano na terra tem de escolher entre o governo por Deus e o governo pelo homem. Dentro em breve, a fera cor de escarlate, junto com todos os governos humanos, estará envolvida numa batalha com o Rei empossado por Deus, Jesus Cristo. Com que resultado? “Porque ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, o Cordeiro [Jesus Cristo] os vencerá.” Sim, a fera cor de escarlate, junto com todo o sistema de governo humano, ‘irão para a destruição’. — Apocalipse 17:11, 14; veja também Daniel 2:44.
Quanta bênção será então não ter sido desencaminhado pelo dragão e suas três feras! Os que tiverem mostrado ser súditos leais do Reino de Deus sobreviverão para se tornar parte duma “nova terra”. Deus “enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram”. (2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:3, 4) Portanto, sujeite-se ao Reino de Deus, o único governo mundial eficiente. Assim também se candidatará a usufruir estas bênçãos eternas.
Fonte: Estudo e pesquisa Bíblica
Por: Jhero
http://www.dihitt.com/barra/profecias--as-feras-do-apocalipse-o-que-significam-saiba
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