segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Retrato da falência do sistema em reintegração de posse.


Mulheres choram na região do Pinheirinho (Foto: Roosevelt Cassio/Reuters)

São José dos Campos, interior de São Paulo, foi palco de violência em reintegração de posse da área. neste domingo dia 22 de Janeiro de 2012

 No confronto com moradores tinha 2 mil policiais, recrutados de cidades vizinhas de de São Paulo. Cerca de 220 veículos, um carro blindado e dois helicópteros Águia, além de 40 cães e 100 cavalos.



7 mil moradores são levados para galpões da Prefeitura de São José dos Campos que tem piso com terra batida Moradores não tinham colchões e nem cobertores




Vista do abrigo improvisado para os moradores que desocuparam a área invadida do Pinheirinho, em São José dos Campos (Foto: Renato Jakitas/G1)

G1 esteve nos dois galpões, improvisados e com chão de terra batida, onde muitos desses moradores foram acomodados sem colchões, cobertores e estrutura de banheiros para a higiene.
O aposentado Antônio Candido da Silva de 89 anos
(Foto: Renato Jakitas/G1)
Aos 89 anos, o aposentado Antônio Candido da Silva morou em Pinheirinho por 8 anos. Neste domingo, ele se preparava para passar a noite no chão enrolado a uma lona com a esposa Eni Vieira da Silva, de 57 anos.
“Eu nunca em minha vida passei a noite assim, ao relento. Agora veja a minha situação”, diz Eni.
O cozinheiro José Silva Santos também improvisava um espaço em galpão de chão batido. Ele disse que precisou sair correndo e, agora, não sabe como fazer para pegar as roupas da esposa Eva da Silva e do bebê de 1 ano que eles têm.
"Eu fiquei com medo. Os caras [a polícia] chegaram mandando a gente sair e só deu para pegar os documentos e o uniforme do meu trabalho para amanhã [segunda-feira, 23]’. Santos conta que deixou a porta aberta a pedido dos policiais. “Comprei uma geladeira nova. Imagina se me roubam?”, pergunta.
"Eu não tive tempo para nada. As crianças do meu vizinho ficaram com medo do helicóptero e eu decidi tirar todo mundo do Pinheiro. Quando voltei para pegar minhas coisas, já não me deixaram entrar. Estou só com a roupa do corpo e sem documento. Não deu nem para pegar o meu crachá para trabalhar amanhã”, diz a operadora de telemarketing Janaína as Silva.
A dona de casa Benedita do Nascimento também demonstrava preocupação com o que deixou para trás. “É tudo o que eu tenho. Já arrumei uma garagem de uma amiga emprestada. Vou levar minhas coisas para lá assim que liberarem minha entrada.”
Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da prefeitura disse que iria disponibilizar abrigos com infraestrutura adequada para os desalojados. Não informou, porém, uma lista desses locais. Segundo a assessoria de imprensa, a Prefeitura, por hora, manterá esses locais em sigilo por motivos de segurança.
GALERIA DE FOTOS: veja imagens da reintegração  http://glo.bo/xJIOg0

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